“Ando devagar porque já tive pressa…”, que nada! Anda devagar porque está cansado; anda devagar porque mora no interior onde as “coisas andam devagar”, segundo Drummond; anda devagar porque a máquina humana está desgastada, corroída, velha. Mas a verdade é que precisamos desacelerar os passos, os pensamentos, as opiniões, os julgamentos. Precisamos esperar uns pelos outros, e não querer subir uns sobre os outros. Há pessoas caídas, pisoteadas, mortas, e nós continuamos apressados, julgando e andando.
Como é difícil compreendermos que não estamos sozinhos, digo nesta Terra. Queremos saber se há outras vidas em outros planetas e nos esquecemos que aqui há vida em abundância, seja ela humana, animal e até mesmo vegetal, a qual nos mantém, seja pela alimentação, seja pela produção de oxigênio. Embora tão próximas todas essas vidas, quão egoístas nós somos! Um bebê ao nascer ele está pronto para ser moldado, para ser edificado. Aos poucos vamos lhe tolhendo a doçura, a pureza, o amor. Ele nos acompanha com o olhar, quer aprender, entender o que fazemos, quer nos imitar, e se nosso procedimento é mal, ele aprende o mal. Então ele perde a meiguice, a mansidão, a ternura.
Olhando-nos um pouco mais a fundo, ele perde a transparência, a candura, a inocência. Percebe-nos mentirosos, dissimuladores, hipócritas. E pela janela da alma (como dizem alguns poetas) aquele pequeno ser, pronto para ser moldado vai sendo edificado sobre um terreno acidentado, inconstante, volúvel. E por último também vai perdendo a fraternidade, o respeito, a fidelidade. Pronto, agora ele está pronto para enfrentar o mundo! Pois nada o machucará! Revesti o meu filho para que não se fira! Ele saberá se defender dos ataques do mundo! Com quais armas? Da mentira? Da cobiça? Da inveja? Do egoísmo? Do orgulho? Qual dessas ferirá mais os outros? Aquele bebê doce, puro e amoroso copiou-nos e é o que sabe fazer agora! O mundo não é mal porque as pessoas são más, porém nós as tornamo-las más, com nossos medos, nossas ansiedades, nossas ignorâncias.
Por que então tudo isso, por que tantos erros, por que bebês nascem totalmente inocentes e se edificam de tantas coisas destrutivas? Porque aqueles que os trazem à vida nem sempre conhecem o Criador, o Seu poder e as Suas escrituras (Mateus 22:29), o manual para uma vida edificada na doçura, na pureza e no amor! Fomos criados para vivermos lado a lado, e não uns sobre os outros; criados para Deus, não para nós mesmos, para a felicidade junto ao Pai! Que andemos na velocidade de Deus, olhando para Cristo, julgando menos e amando mais! Lembremo-nos disso nesta Páscoa!