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sábado, 22 fevereiro 2025

Prevenção e cuidados: como evitar acidentes com aranha-marrom

Nos dias quentes, os acidentes com a aranha-marrom tendem a aumentar, especialmente no Sul do Brasil, que historicamente concentra o maior número de casos no país. Entre 2017 e 2021, a região respondeu por quase 54% dos registros. E o Paraná teve 26% desse total. Por isso, apesar de uma redução dos acidentes em Curitiba nos último anos, é importante redobrar os cuidados durante o verão. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) alerta para os riscos e orienta a população sobre como evitar encontros indesejados com o aracnídeo.

“A aranha-marrom gosta de lugares escondidos, escuros, quentes e secos, principalmente locais com pouca movimentação, como em estantes, armários com caixas e materiais com pouco uso. Ao acessar esses locais, é preciso atenção para evitar acidentes”, explica o diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides Oliveira.

A orientação é caprichar na limpeza da casa com o uso de aspirador de pó, quando possível, principalmente em cantos e frestas, atrás de quadros, em armários e depósitos. Outro cuidado importante é sacudir roupas e calçados antes de usar, principalmente aqueles que estão guardados há muito tempo.

Pequena, discreta e perigosa

A aranha-marrom é um aracnídeo de pequeno porte, medindo entre 3 e 4 cm, com pernas longas e finas e abdome arredondado. Possui hábitos noturnos, constrói teia irregular como “lençol” ou “algodão esfiapado”. É encontrada com frequência dentro de residências, especialmente em armários, atrás de quadros e em objetos pouco manuseados. Também pode se esconder em telhas, tijolos, madeiras, atrás de móveis e em locais de baixa iluminação. No período de verão, elas saem de seus esconderijos para caçar e acasalar, quando podem ocorrer mais acidentes.

Segundo o médico Alcides de Oliveira, a aranha-marrom não é agressiva e, geralmente, os acidentes ocorrem quando ela é pressionada contra o corpo, como ao vestir uma roupa ou calçar um sapato onde o animal se alojou.

Sintomas e tratamento

A picada da aranha-marrom é praticamente indolor no início, mas os sintomas começam a se manifestar após cerca de seis horas. Entre os sinais mais comuns estão ardor, inchaço e vermelhidão no local afetado. Nos casos mais graves, a lesão pode evoluir para necrose e exigir um longo período de cicatrização, podendo até demandar enxerto de pele.

A maioria dos casos, cerca de 85%, são leves e tratados com antialérgicos ou corticoides. Apenas de 3% a 5% das ocorrências evoluem para quadros graves que necessitam do soro antiaracnídico.

“Independentemente da gravidade, os sintomas iniciais são sempre os mesmos. Ao perceber a picada, é importante procurar atendimento em uma unidade de saúde ou ainda ligar para a Central Saúde Já – 3350-9000”, orienta Alcides.

A Central Saúde Já 3350-9000 atende de segunda à sexta das 7h às 22h e nos finais de semana, das 8h às 20h. O atendimento telefônico é feito por profissionais de saúde e, se necessário, poderá ser feita uma videoconsulta com médico da central pelo aplicativo Saúde Já Curitiba.

Números

Curitiba tem registrado redução nos casos de acidentes com aranha-marrom nos últimos anos, resultado da conscientização da população e da capacitação das equipes de saúde. Enquanto no início dos anos 2000 a média era de 3 mil casos anuais, em 2023, foram registradas cerca de mil ocorrências de acidentes com aranha-marrom. Em 2024, a SMS contabilizou 665 casos. Em 2025, já foram notificados 54 acidentes com aranha-marrom em Curitiba. Os dados de 2024 e 2025 são preliminares, atualizados a partir das notificações registradas no sistema do Ministério da Saúde até o início de fevereiro deste ano, e ainda podem ter alterações.

O que fazer em caso de picada

Caso seja picado por uma aranha-marrom, a SMS orienta:

  • Lavar bem o local da picada com água e sabão;
  • Procurar atendimento em uma Unidade de Saúde ou ligar para a Central Saúde Já – 3350-9000
  • Se possível, levar o aracnídeo para identificação ou fotografar a aranha.

As 109 unidades de saúde do município estão preparadas para avaliar a gravidade do caso e indicar o tratamento adequado. O soro antiaracnídico é indicado apenas para os casos graves que evoluem até 36 horas após a picada.

O que evitar

  • Espremer a lesão;
  • Aplicar remédios caseiros sem orientação médica;
  • Se expor ao sol, tomar banhos quentes, calor e praticar atividades físicas.

Como manter sua casa segura

Para reduzir o risco de encontrar aranhas-marrons em casa, algumas medidas de prevenção são importantes:

  • Manter a limpeza, usando aspirador de pó, se possível, atrás de móveis e quadros;
  • Sacudir roupas e calçados antes de usá-los;
  • Arejar bem os cômodos e evitar acúmulo de materiais no quintal;
  • Evitar entulhos de madeira, telhas e materiais de construção;
  • Não utilizar venenos, pois podem eliminar predadores naturais das aranhas;
  • Preservar lagartixas, que são predadoras naturais das aranhas e ajudam a controlar a população desses aracnídeos;
  • Examinar roupas e sapatos guardados por muito tempo;
  • Utilizar luvas e calçados fechados ao manusear materiais guardados há muito tempo;
  • Fechar buracos em paredes, forros e rodapés que possam servir de esconderijo para aranhas.

A prevenção é a melhor forma de evitar acidentes. Com medidas simples, é possível garantir mais segurança para toda a família durante o verão.

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EDIÇÃO IMPRESSA Nº 128 | FEVEREIRO/2025

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