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segunda-feira, 24 fevereiro 2025

Curitiba ganha a segunda maior obra do mundo do renomado artista Eduardo Kobra

Há algumas semanas, quem passa pelo Viaduto do Capanema, no Jardim Botânico, acompanha uma grande transformação nos gigantescos silos do Moinho Anaconda. Aos poucos, o concreto foi ganhando cores. E, depois de um certo mistério, veio a revelação: o local é a mais nova tela do renomado artista plástico Eduardo Kobra, referência internacional em arte urbana. 

A pintura, batizada de “Ciclos”, ocupa 5 mil m² em área, e é a segunda maior obra já realizada pelo artista, que tem suas criações estampadas em arranha-céus de todo o mundo. Antes de sair do papel e começar a tomar as paredes da indústria de farinha, o projeto da arte passou pela avaliação e aprovação da Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU) de Curitiba.

A capital paranaense tem, desde 2023, uma legislação que define as intervenções visuais nas fachadas de edificações, como grafite, muralismo, poesia visual, pintura, mosaico, lambe-lambe ou colagem (sem fins publicitários). 

Com isso, a SMU criou um processo próprio para a emissão de alvará para esse tipo de intervenção. O pedido pode ser feito online e assegura que, tanto o artista quanto o proprietário do imóvel, estejam de acordo sobre a “ocupação” da área. 

Em primeira mão

Seguindo o caminho legal, o pedido de alvará para o trabalho do renomado artista passou pelo Urbanismo. E, na solicitação, uma versão final da pintura de Kobra foi anexada. Foi assim que a engenheira civil do Departamento de Controle do Uso do Solo (UUS), Thaís Schutz Millack, responsável pela análise e emissão do alvará, viu a obra de arte praticamente em primeira mão. “Foi incrível! Ele anexou um material super bonito, eu imprimi em A3 (folha de tamanho de cartaz) e pendurei no meu armário aqui no Urbanismo. Curitiba tem tantos painéis bonitos de outros artistas, não tinha do Kobra ainda. Curitiba merecia, é uma cidade tão linda, combina tanto com arte”, avalia Thaís. Ela garante que a versão final sobre dez silos de 10 m de altura é impressionante.

 “Espero que as pessoas passem lá e vejam. É  uma oportunidade incrível de acompanhar o trabalho dele. Espero que dê mais visibilidade ainda pra cidade, pra região e, quem sabe, se torne um ponto turístico”, projeta a engenheira.

Thais conta que o alvará foi emitido em menos de três meses, um período curto em relação à análise de toda a documentação. Isso porque, a equipe do artista se adiantou e enviou junto com o pedido, o parecer positivo da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) de que a pintura tem caráter artístico. Ao Urbanismo coube a verificação de que o projeto atendia a todos os parâmetros exigidos pela Lei Municipal 16.237/2023, inclusive nos quesitos de segurança dos artistas.

Experiência adquirida

Também contou para a agilidade no processo, o fato de a equipe responsável já ter experiência em avaliar artes urbanas de grande porte. Um exemplo foi o alvará concedido para o artista paranaense Fernando Feltrin, o Gardpam, que estampou a poetisa paranaense Helena Kolody, na região central. A obra tem altura equivalente a 17 andares de altura e 15 m de largura, em um prédio da Praça Generoso Marques. 

“A Prefeitura incentiva a arte urbana na cidade, que dá vida e cor aos bairros, apresenta à população o poder da arte e alegra Curitiba. Com a Lei da Arte Urbana pudemos desburocratizar a emissão de alvarás para esse tipo de intervenção”, destaca o secretário municipal do Urbanismo, Almir Bonatto.

Ciclos

“Ciclos” tem a segunda maior dimensão entre todas as produções de Kobra, atrás apenas de “Maior Mural do Mundo”, na cidade de Itapevi (SP), com 5,7 mil m². “Isto me enche de orgulho, porque sei da importância de Curitiba e também do valor dos artistas da street art local, a quem respeito muito”, disse o artista.

A intervenção urbana ilustra três fases da transformação do trigo em pão: a colheita dos grãos; a massa sendo sovada e o pão já assado. A obra em Curitiba foi encomendada pela indústria de produção de trigo Anaconda, em comemoração aos seus 75 anos, em 2026.

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EDIÇÃO IMPRESSA Nº 128 | FEVEREIRO/2025

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