O município de Curitiba já conta com profissionais de saúde capacitados para orientar pais e cuidadores de crianças autistas nos 10 Distritos Sanitários, o que vai possibilitar a instalação de grupos de apoio em todas as regiões.
“Já temos esses grupos de apoio a pais e cuidadores em cinco distritos sanitários. A partir de fevereiro, vamos expandir”, disse a coordenadora de Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Cristiane Rasera.
Os grupos atuais foram formados pelas equipes das unidades de saúde. “Agora, mais do que ampliar o programa, vamos levar este olhar para dentro das nossas unidades”, reforçou Cristiane.
Hoje, 72 servidores da Atenção Primária à Saúde (APS) estão capacitados. Nessa quarta-feira (6/12), no auditório do Mercado Municipal de Curitiba, muitos deles participaram de um encontro para atualizar conhecimentos e planos.
Os profissionais estão no Programa de Treinamento de Habilidades para Pais e Cuidadores de Crianças com Atraso do Desenvolvimento e/ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Nós começamos timidamente com o ambulatório Encantar, mas a estratégia evoluiu e virou referência”, lembrou a secretária municipal da Saúde, Beatriz Battistella, que abriu o encontro. “Trabalhamos para fazer o que é preciso. É a nossa responsabilidade”.
O programa de treinamento utiliza a metodologia da fundação americana Autism Speaks. Foi iniciado com a capacitação de facilitadores, que têm a função de preparar novos profissionais para difundir o trabalho em outros níveis.
O projeto-piloto foi desenvolvido com pais e cuidadores de crianças atendidas no Ambulatório Encantar. Com a pandemia, os encontros se tornaram online nos dois anos seguintes. No início de 2023, foi criado o primeiro grupo descentralizado no distrito sanitário Bairro Novo.
O principal objetivo é auxiliar os pais e cuidadores na estimulação de habilidades, como comunicação e interação social, no manejo dos comportamentos desafiadores, assim como na melhora da sua qualidade de vida.
Segundo a enfermeira Denise Oliveira Leal, que trabalha na Unidade de Saúde Osternack, os relatos dos pais são animadores. “Os filhos não conseguiam realizar coisas simples, como organizar os brinquedos e entrar em um restaurante. Agora, já fazem isso”, revelou. “É muito gratificante”.
Desafios
O médico pediatra Fabrício Messias falou para os profissionais de saúde sobre desafios no atendimento. Segundo ele, estima-se que 1% da população tenha TEA, mas apenas 10% desse público recebe diagnóstico atualmente.
Segundo Messias, treinamento de profissionais, diagnóstico precoce, atendimento personalizado, acesso a terapias baseadas em evidências científicas, entre outras condições, são fundamentais para bons resultados.
O médico também destacou a importância do tratamento duradouro para a criança lidar com situações de estresse. Em seguida, a pesquisadora Maria de Fátima Minetto completou: “Pais com redes de apoio também têm menos estresse e isso impacta positivamente nos filhos”.