Com investimento em políticas públicas e tecnologias que promovem a inovação e a produção sustentável no campo, o Paraná tem se destacado com bons exemplos das chamadas smart farms (fazendas inteligentes, do inglês). Os resultados nesse setor foram tema do primeiro dia de programação do Agrienergy Summit, principal evento sobre fazendas inteligentes do Brasil, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.
O congresso termina nesta sexta-feira (08) e tem como público-alvo profissionais e entusiastas do setor agroenergético, com foco em discutir temas como Agro 5.0, Energias Renováveis, ESG, Aviação Agrícola, Tecnologia, Educação, Finanças, Internet das Coisas e Logística.
O objetivo é incentivar a adoção de tecnologias e práticas que garantam uma agricultura mais produtiva e responsável. “Queremos proporcionar um espaço para o intercâmbio de ideias e experiências, promovendo um futuro mais sustentável e eficiente para o segmento agroenergético”, ressalta Fabiane Schneider, idealizadora do evento.
Na abertura, o diretor do Departamento de Florestas Plantadas (Deflop) da Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Breno Menezes de Campos, explicou que os produtores paranaenses têm longa tradição no uso de técnicas que estimulam a sustentabilidade e a produtividade.
Ele também citou iniciativas do Governo do Estado, como o Plano Estadual para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC+ PARANÁ), que estabelece metas para redução das emissões no campo, e o programa RenovaPR, que estimula a adoção de fontes de energia renovável nas propriedades rurais por meio a equalização de taxas de juros.
“Esse cenário de mudanças climáticas pressiona cada vez mais os nossos sistemas produtivos. O Paraná assumiu compromissos nesse sentido e o agro é um peça fundamental nesse processo, fazendo uma agricultura produtiva e sustentável”, disse.
Fazendas Inteligentes são propriedades rurais que buscam mais eficiência e produtividade com ferramentas inovadoras, modernas e sustentáveis, por meio da integração de tecnologias. A primeira smart farm reconhecida no Brasil é paranaense, localizada em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. É uma área instalada em 2020 pela Fundação ABC, instituição de pesquisa ligada às cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal, que alia sistema de informação de gestão, agricultura de precisão e automação agrícola e robótica.
ENERGIAS RENOVÁVEIS – Durante o “Painel Brasil: Casos de Sucesso em Fazendas Inteligentes”, o coordenador do programa RenovaPR, Herlon Goelzer de Almeida, citou exemplos de como o governo estadual tem ajudado produtores a tornarem o biometano um ativo econômico, além de evitar o descarte inadequado de resíduos da produção animal. Isso acontece, segundo ele, com a comercialização do biometano como combustível para caminhões, por exemplo, reduzindo custos.
“Importadores de todo o mundo estão pressionando empresas brasileiras para reduzir a emissão de carbono e os produtores estão atentos a isso”, afirmou.
De acordo com Herlon Goelzer de Almeida, no setor da energia fotovoltaica, 680 empresas paranaenses já estão credenciadas no programa RenovaPR, mais da metade do total no Estado, o que demonstra o aumento da demanda e interesse dos produtores em energias renováveis. O impacto positivo também está na geração de empregos. “Em média, essas empresas contrataram, cada uma, cerca de 15 novos profissionais apenas para atender projetos do RenovaPR”.
Também participou do Painel o diretor-presidente da Ceasa Paraná, Eder Bublitz. Ele destacou uma parceria com a Sanepar para transformar resíduos orgânicos em energia, e também apresentou o programa Banco de Alimentos Comida Boa, que garante o reaproveitamento de frutas, verduras e outros produtos alimentícios que iriam para o lixo por não terem condições de ser comercializados, beneficiando cerca de 1,3 milhão de pessoas direta e indiretamente. A meta para este ano é recuperar 7 milhões de quilos.
“Essas iniciativas fizeram com que a Ceasa Curitiba fosse a primeira das Américas a receber o certificado ISO 14001, o que demonstra nossa sustentabilidade”, disse.
Bublitz citou ainda que há uso de energia fotovoltaica na Ceasa e que a equipe trabalha para estimular que os produtores vinculados às Centrais também gerem a própria energia nas propriedades. “Nossos produtores de hortaliças usam muito a irrigação, com um grande consumo de energia, então as energias renováveis podem ser uma boa saída para redução de custos”.
INTEGRAÇÃO – Entre as iniciativas da Seab para estimular práticas sustentáveis está a articulação de um novo programa para disseminar sistemas produtivos integrados, como lavoura-pecuária-floresta (ILPF). O tema foi discutido em reunião na quarta-feira (07) com o secretário Natalino Avance de Souza, o diretor do Deflop, Breno Menezes de Campos e representantes da Cocamar, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), de São Paulo, e da Rede ILPF.
SETOR PRIVADO – As empresas também têm um papel fundamental a desempenhar na mitigação de impactos das mudanças climáticas, segundo o CEO da Carbon Zero, Carlos Alberto Tavares Ferreira. Ele apresentou o funcionamento da Célula de Produto Rural (CPR) Verde, título de crédito que recompensa produtores pela preservação ambiental. “É preciso ter responsabilidade social corporativa”, disse. A CPR Verde foi implantada pelo Decreto 10.828, de 2021.
EVENTO – O Agrienergy Summit tem apoio do Governo do Estado por meio da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná), da Ceasa Paraná e do Tecpar. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas AQUI. Confira AQUI a programação.