Quando ganhamos? E quando perdemos? E quando ganhamos, o que ganhamos, ou o que perdemos? E quando perdemos, ganhamos algo com isso? Sim, eu sei, são muitas perguntas! Mas pergunte-se a si mesmo: o que vem depois de ganhar? E depois de perder? Uma coisa é certa: há choro se há vitória ou se há derrota, não é mesmo? Na vitória, não se ergue ninguém porque já se está no topo; na derrota, há a procura de falhas, de erros, de lacunas a serem preenchidas com acertos.
Primeiramente, precisamos compreender que determinadas palavras são ditas sem atinarmos para o seu contexto. Quando digo “ganhar”, a qual situação estou me referindo? Ao recebimento de uma herança ou a um canudo de formatura? Entre essas duas situações há um abismo a ser compreendido: no primeiro caso, qual foi o meu esforço? E no segundo? O príncipe herdeiro da rainha Elizabeth apenas nasceu na família real; enquanto alguém que se forma em uma universidade precisou de alguns anos de esforço, de desgaste físico e mental para “ganhar” o seu tão almejado “canudo”. Então esse verbo ganhar precisa ser contextualizado! Quando dizemos “preciso ganhar mais dinheiro” (a não ser que você conheça alguém muito generoso com você e que queira lhe dar dinheiro), isso significa mais trabalho, mais esforço.
Assim também o verbo perder tem suas nuances. Já ouvimos este diálogo: “- Puxa, não consegui ir à festa ontem. – Você não perdeu nada, estava um horror! Faltou comida, o som estava horrível, não tinha lugar pra sentar!”. Na verdade, o que foi perdido? Já ouvimos também: “Não morri porque cheguei atrasado para o chek in e perdi o voo”. Afinal, o que realmente perdemos quando pensamos que perdemos? Parece-nos que o valor dado à perda ou ao ganho nem sempre corresponde ao que deveria ser valorizado. Se refletíssemos sobre o que nos resta após uma perda ou um ganho, poderíamos ver o mundo com outros olhos, com menos rancor, menos mágoa, menos dor.
E o chorar segue ambas as situações. Na alegria ou na tristeza. Porém as lágrimas da segunda vêm carregadas de questionamentos, o que aconteceu? Onde errei? Por que comigo? E é aqui que precisamos reunir forças para restaurar as frustrações, decepções que as “derrotas” nos impõem. É preciso perceber as nossas falhas, onde erramos. Avaliar, nas perdas, o que de fato pudemos aprender, ganhando, assim, sabedoria e paz.
Sendo assim, precisamos rever alguns conceitos humanos quanto a ganhos e perdas, pois tudo que ganharmos neste mundo ficará fora do caixão. Por isso no evangelho do apóstolo Marcos, capítulo 8, verso 35, Jesus diz: “Porque qualquer que quiser salvar a sua vida perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará”. Pode nos parecer incongruente essa afirmação, mas não é algo sem propósito lutar tanto nesta vida e dela nada podermos levar? Pense nisso, você não vai perder nada!