O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) vai reunir, no fim deste mês, todos os agentes envolvidos nos acidentes com carros alegóricos de escolas de samba neste carnaval no Rio de Janeiro. O Inmetro pretende regulamentar esse tipo de veículo.
A informação foi dada hoje (28) pelo presidente do órgão, Carlos Augusto de Azevedo. Participarão do encontro representantes da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), do Corpo de Bombeiros e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), entre outras instituições.
Após o painel setorial, será constituído grupo de trabalho para fazer a regulamentação dos carros, a partir de medidas de curto, médio e longo prazos que serão tomadas. “Com isso, entendemos que diminui a possibilidade de acidentes, de falhas no material”, disse o presidente do Inmetro.
Azevedo informou que serão definidos parâmetros e medidas para os carros alegóricos em um processo semelhante ao feito pelo Inmetro com ônibus escolares. “Certificamos o projeto desses ônibus e depois verificamos se, quando aquele ônibus foi entregue, está dentro das características contratadas.”
No caso dos carros alegóricos, o Inmetro pretende verificar ainda se o projeto foi feito para suportar determinada carga. Azevedo lembrou que o órgão já inspeciona veículos modificados, por meio do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Até agora, o Inmetro não inspecionava carro alegórico porque esse tipo de veículo não trafega normalmente no trânsito.
Abrangência
Segundo o presidente do Inmetro, as próprias escolas de samba têm interesse em certificar os carros e o material usado para que tudo corra bem nos desfiles. De acordo com Azevedo, problemas de financiamento podem ser resolvidos pela prefeitura, com o lucro obtido no carnaval. “Existem mecanismos de financiamento dessa coisa, que é um grande espetáculo e gera renda para a cidade.”
Carlos Augusto de Azevedo disse que a ideia é que a regulamentação tenha abrangência nacional. Segundo ele, deve ser feito um regramento para cada tipo de carro alegórico, englobando o peso que cada um suporta, verificação das soldas e do material utilizado. O processo inclui a realização de testes e ensaios após a conclusão do projeto. “A diferença é essa. Você vai fazer medidas sobre aquele produto e, depois de pronto, vai ensaiar [testar] aquele carro para ver se está bem, como fazemos com os outros veículos.”
Responsabilidade técnica
Segundo o presidente do Crea-RJ, Reynaldo Barros, cabe ao engenheiro técnico a responsabilidade pela construção ou pela reforma de carros alegóricos. De acordo com Barros, o profissional tem liberdade para aplicar as normas técnicas e executar o projeto com a melhor qualidade. Ele defendeu a colaboração entre todos os órgãos envolvidos no carnaval para definir normas referentes, como tipo de tração, altura, material e tamanho específicos para esse tipo de veículo.
Barros disse que outros itens que devem ser observados nos carros alegóricos são definição da estrutura, estabilidade, suspensão, peso suportado, dimensão da pista do Sambódromo e a forma de entrada na avenida. “É preciso respeitar esses critérios de segurança para a coisa funcionar direito e não causar acidentes”, explicou. Para Barros, a definição de regras claras elimina o improviso e facilita a fiscalização.
Bombeiros
Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que membros da Diretoria de Serviços Técnicos da corporação fazem a vistoria nos carros alegóricos até uma semana antes do desfile. No dia do desfile, nova vistoria é feita “com até ou mais de uma hora antes da entrada na Sapucaí”. A corporação, no entanto, informou que a fiscalização não analisa a capacidade de ocupação dos carros.
De acordo com a nota, os bombeiros verificam a presença de equipamentos de prevenção contra incêndio e pânico. A vistoria analisa, entre outros itens, extintores de incêndio, tratamento com retardante de chamas, acesso por meio de escada e geradores. Os bombeiros pedem também um documento chamado anotação de responsabilidade técnica das instalações elétricas, assinada por engenheiros contratados pelas escolas de samba.
*Colaborou Nanna Pôssa, Repórter do Radiojornalismo