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quinta-feira, 26 dezembro 2024

Maioria dos alunos do Ensino Médio trocaria parte das disciplinas comuns por técnicas, aponta pesquisa

É comum entre os jovens chegar ao Ensino Médio e ainda não ter decidido qual carreira seguir. No entanto, o sonho de alguns deles não é entrar para a faculdade, mas sim, fazer um curso técnico e se preparar para o mercado de trabalho. Uma pesquisa feita pelo movimento Todos Pela Educação revelou que 76% dos alunos brasileiros que estão cursando o Ensino Médio estão dispostos a trocar um terço das disciplinas comuns por técnicas.

Para o diretor de Políticas Publicas do Todos Pela Educação, Olavo Nogueira, os jovens optam por disciplinas com conteúdo técnico por saberem que é uma boa opção para ter acesso ao mercado de trabalho. “São cursos que têm uma especificação técnica enquanto profissão, um ofício específico, que o jovem será inicialmente preparado para poder ingressar no mercado”, afirma.

A estudante Mayra Silva mora em Brasília-DF, está no terceiro ano do segundo grau e faz um curso técnico de auxiliar administrativo. Para ela, a inclusão da educação profissional dentro do Ensino Médio favorece a empregabilidade no país. “Está bem complicado arranjar emprego hoje em dia e tudo que seja bom para o mercado de trabalho, eu acho muito importante”, relata. A inclusão da educação técnica e profissional no segundo grau faz parte das mudanças na estrutura do sistema atual, previstas na reforma do Ensino Médio.

Na avaliação de especialistas, a educação técnica é tendência em alguns estados brasileiros. Uma pesquisa feita pela empresa multinacional de seleção e recrutamento ManpowerGroup revelou que 61% das empresas brasileiras querem contratar, mas têm dificuldade de conseguir pessoas capacitadas. O balanço mostra que o maior obstáculo das companhias é encontrar profissionais de nível técnico.

A Bahia é um exemplo. De acordo com o diretor regional do Senai, Luis Alberto, no estado, o setor industrial demanda mão de obra em setores como eletrotécnica, manutenção automotiva, segurança do trabalho e logística, mas não há pessoal capacitado suficiente. “Existe essa demanda, mas nós já estamos trabalhando nisso e de 2015 até agora, nós conseguimos ampliar a oferta em quatro vezes.”

O assunto também é analisado por parlamentares, no Congresso Nacional. Para o deputado Federal Caetano (PT-BA), esse modelo de ensino supre, inclusive, a necessidade de preenchimento de vagas que exigem mão de obra qualificada. “Há uma carência muito grande da mão de obra especializada. Então é preciso que a gente aposte cada vez mais no ensino técnico”, avalia.

Plano Nacional de Educação

Com o objetivo de aprimorar a qualidade do ensino no Brasil, o Ministério da Educação instituiu o Plano Nacional de Educação (PNE). O projeto estabelece metas e estratégias que servem de orientação para as escolas até 2024. Entre outras coisas, o PNE pretende aumentar em 50% o número de matrículas nos cursos técnicos de nível médio, em escolas públicas. Mais de cinco milhões de alunos devem estar matriculados até o fim do projeto.

Segundo o coordenador-geral de Ensino Médio, do Ministério da Educação, Wisley Pereira, a intenção do PNE é adequar o ensino aos objetivos profissionais dos estudantes. “Já se colocava nessa meta que o Ensino Médio precisa passar por uma reestruturação para ser mais flexível e atender o projeto de vida dos estudantes.”

Com a reforma do Ensino Médio, o MEC quer flexibilizar a grade curricular nas escolas. Matérias como língua portuguesa, língua inglesa e matemática fariam parte do grupo de disciplinas básicas obrigatórias. O restante da grade seria montada pelos próprios alunos, de acordo com o interesse deles em alguma área do conhecimento.

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EDIÇÃO IMPRESSA Nº 127 | DEZEMBRO/2024

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