Pesquisadores do Museu Botânico Municipal, do Jardim Botânico de Curitiba, foram responsáveis pela descoberta de uma planta ancestral rara que pode comprovar a existência de cerrado na região Noroeste do Estado.
A expedição que resultou no achado dos Isoetes, uma planta ancestral do grupo das samambaias e xaxins, aconteceu em janeiro no município de Tuneiras do Oeste, no Noroste do Paraná. Um exemplar da planta está agora conservado no Museu Botânico de Curitiba.
Após análise do material trazido, o pesquisador Jovani Pereira, mestre pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e com doutorado na Alemanha, confirmou a identificação.
A descoberta se transformou em um artigo científico – de autoria de Pereira, do professor da UFPR Paulo Labiak e do engenheiro florestal e curador da coleção do Museu Botânico, Marcelo Brotto, na Revista Check List, especializada em dados sobre a biodiversidade.
“Essas populações marginais e disjuntas não são apenas um registro da dinâmica da vegetação e de oscilações climáticas, mas também representam a diversidade genética, o que é importante para a compreensão da evolução de espécies e traz informações indispensáveis para sua conservação”, diz o artigo, traduzido do inglês.
Olhar treinado
De acordo com Brotto, a descoberta só foi possível graças à experiência do seu colega Eraldo Barboza, discípulo do doutor Gerdt Hatschbach, fundador do Museu, que estava com ele na expedição ao Noroeste do Paraná.
“Outra pessoa pensaria se tratar apenas de mais uma gramínea. A comprovação veio quando ele retirou a planta e olhou a sua base, onde ficam as estruturas reprodutivas”, contou.
Mais uma vez, destacou Brotto, a equipe do Museu Botânico Municipal de Curitiba foi fundamental para a produção de conhecimento científico sobre a flora paranaense.
“Mesmo com a ausência do doutor Gerdt, falecido em 2013, o MBM continua subsidiando produção de ciência de alta qualidade, demonstrando sua importância para o país”, comemorou.
O Museu
Foi a coleção particular de 18 mil exsicatas (plantas secas, tratadas e fixadas em cartolina, identificadas e preservadas) do doutor Gerdt Hatschbach que deu origem ao trabalho realizado hoje pelo Museu Botânico Municipal.
O local, fonte de pesquisa científica e de divulgação da flora brasileira, possui um Centro de Informação Botânica e um herbário com aproximadamente 400 mil exsicatas do Brasil e exterior. Não é aberto à visitação, apenas recebe pesquisadores conforme agendamento e realiza cursos – fora da pandemia do novo coronavírus.